domingo, outubro 15, 2006

A solidão desta enorme casa abate-se
sobre os ombros de quem ama
Nem desculpas nem perdões de demovem
Amor que nasceste num dia de Abril ?
Chove ?
Lá fora ou cá dentro
Tanto faz, mas sabe a sal
Onde vou sem o teu amor ?

segunda-feira, setembro 25, 2006

Sem ti que sentido faz este espaço
como não o faz as noites frias na lareira
o vento soprando por cima das ondas
que no mar saltavam na nossa direcção

Sem ti o que é dos dias em que o vento
soltando a sua raiva, nos encontra
nos braços um do outro

Nat uralmente sem ti
nem sequer fazem sentidos as mensagens
que trocavamos em segredo
(as que enviavamos e as que sentiamos)
ália s, sem ti nem o sol fará sentido naquele pôr de sol

domingo, setembro 03, 2006

Ao lado não havia o teu calor
nem o contorno dos teus seios
a varanda não cheirava a tabaco
A cama ainda estava quente de ti
os meus braços vazios dos teus

quarta-feira, agosto 30, 2006

Sem ti renascem as noites solitárias e frias
a vontade de escrever vai morrendo
Falta-me a tua boca de beijos
de palavras amigas
Falta-me o teu corpo de caricias
dançarino sem o saber
Falta-me a luz que de noite
me ilumina os passos
As mãos que movem as pedras
O companheirismo de um copo de vinho frente ao Sado
Frente a um qualquer rio ou escarpa
Sem ti falta-me o riso franco e aberto
que me arrepiava o corpo
Volta depressa amor
O teu cheiro está demasiadamente embrenhado em mim
Quero-te

segunda-feira, agosto 21, 2006

Os Castelos !!!


as ameias
os espanhóis
os recantos misteriosos
as planicies em volta
os encantos
os castelos que defendem
os morros
as cidades
as gentes

sexta-feira, agosto 18, 2006

Entretido ???

Que entretido que tenho andado que não vinha aqui publicar mais nenhum post
Até a sra Dra dos Saltos Altos protestou
Sem razão, diga-se de passagem, então não foi ela que tirou uns dias numa praia paradisiaca ?
Até nem respondeu ás minhas questões, porventura entretida a aprender a usar o seu novo utensilio...

Mas na verdade tenho-me perdido por aí
Um pouco de sol na piscina
Uns pitéus de peixe bem cozinhados
Um vinho branco bem fresco
Para além do mais que também é bom...

Budapeste


Em Budapeste
Não estiveste com neve
Nem com o sol a brilhar

Buda surgiu
do outro lado do rio

Danubio que dança linda
por onde passas que nem a vês ?

sábado, agosto 05, 2006

Por terras, depois de Atenas

Por terras do norte andei
De Atenas o sol e vento
As pedras que Atenas tem
No norte as vi também
De Antas e aldeias de xisto
de mão dada
( as pedras escorregam )
No norte
De pés cansados
Em Atenas
Séculos de história
Histórias deste século
A dor de uma zanga
numa noite quente de verão

quinta-feira, julho 13, 2006

Atenas

Parto sem ti
mas contigo
dentro da minha bagagem de peito
Vou gritar ao mar o teu nome
em despique com as gaivotas
Caminharei mão na mão
pelas ruas "desertas"
da cidade longiqua
Em cada esquina escreverei o teu nome
voltarei com mais vontade de ti
pedras deste café
onde passo as noites chorando solidão
frias e brancas
negras e frias
de espelhos de pólen
das flores abertas
por entre as folhas amarelas
de um carvalho já seco

( 1972 )

quinta-feira, julho 06, 2006

Os Dias

os dias correm silenciosos
por entre as pedras e as casas
sinto no corpo a força
do arco iris que faltou
e os dias teimam em correr
no silêncio da tua boca
e o meu corpo calou
no teu feito carinho

vens afinal ao meu encontro ?
feita neblina ou gaivota
na raiva que envolve o vento
os teus cabelos esvoaçam

o teu sexo suado do meu
a tua boca gemendo devagar
vem ave ligeira
vem

( 27 Junho 2006 )

segunda-feira, junho 26, 2006

A culpa é do melro

Nestes dias de verão
em que as nuvens descem do céu
os pássaros cantam o nascer do sol
no vasto olival

O teu corpo estará nestes dias
ansioso do meu corpo tão carente
a tua boca da minha
como eu do teu abraço

E o sol que se recusa
a encurtar a distância
a lua que se recusa
a iluminar os nossos corpos suados

Vem amor receber-me
receber em ti

O verão será nosso
acordaremos ao canto dos melros
os corpos suados
de uma noite saciados.

(26.06.06)

quarta-feira, junho 21, 2006

deitei-me a noite passada
com um cadáver de mulher nua aos pés
os seios quentes
o sexo frio
e o corpo pedindo prazer
os olhos de um azul do mar
onde as ondas eram brancas
manchadas de morte
as pernas entreabertas
na noite, pareciam de cera
levantei-me, então e beijei-a
a sua boca manteve-se fria
e fria a noite que a levou
ainda recordo essa mulher
que me acompanhou uma noite
só não vi os cabelos por os não ter
mas os ossos e os dedos eram tão frios
que fiquei gelado
mesmo quando a noite a levou
no entanto
o corpo sempre a pedir prazer

( 1972 )
novamente no café
no quente da noite
que lá fora arrefece
porém hoje não sou só eu
hoje tenho um número de telefone
para me aquecer o peito
frio da raiva do vento

( 1972 )

quinta-feira, junho 08, 2006

porta-amor que nasceste
livro da sabedoria
agarra-te ao que é livre e voa

que este céu onde estou
coberto com mantos de luas
é o céu que fechou
as minhas mãos nas tuas

( 1973 )

sexta-feira, junho 02, 2006

Jazziazuis

Cá volto às sugestões.
Se gostam de jazz vocal comprem a colectanea da Billie Holiday " A tribute to Gershwin & friends".
Para o piano, em trio, " the Village Vanguard sessions " com Bill Evans ou ouçam uma sua versão de " Autumn Leaves".
E para trompete, não percam qualquer dos discos de Chet Baker ( ouçam a versão de " my funny vallentine ") e quem o esteve a ouvir no Parque de Palmela em Lisboa, já lá vão uns anitos ?.
E tenham um bom fim de semana se fizerem o favor.
Bom jazz.

sexta-feira, maio 26, 2006

neste café superlotado
onde a pedra cheira a fumo
encontro um amigo esquecido
não é pessoa
é solidão

neste café
meio perdido
por entre a multidão

( 1972 )

segunda-feira, maio 22, 2006



Pôr de sol na Vagueira
os espelhos deste café
reflectem imagens bruscas
imagens que se dissipam
para que novas imagens
voltem a surgir

e a minha fica ( infelizmente ? )
esperando o lento movimento
dos ponteiros do relógio

(1972)

quarta-feira, maio 17, 2006

Onde as nuvens nos transportam
se neste céu azul transparece o mar ?

Se no voar das gaivotas a liberdade
de gritar ao vento se vê desenhada na areia ?

No fundo um saxofone toca uma melodia de Gershwin
O aeroporto enche de gente que vai para algum lado
Aqui neste canto, espero a hora de chegares
E o sol resolveu que o azul e as gaivotas são parte do seu brilho

Do teu brilho no olhar ( Sergio, obrigado pela sugestão )
Do teu rir franco

sexta-feira, maio 12, 2006

No silêncio dos cafés
multidões de olhos
luas cheias humanas
olham o nada da rua
ou o vazio dos outros
que sofrem na bruma da noite

os meus
( que egoísta )
olham mais alto
as nuvens da poesia

(1972)

terça-feira, maio 09, 2006

Jazziazuis

Muito bem, sem grande alarido, já repararam que gosto de Paris.
De jazz , pelo tema que toca por aí, e já agora de cinema pelo filme a que está associado.
Gostaria de aqui deixar para que vão procurar e ouçam, algumas das coisas que mais me tocaram.
John Coltrane ouçam por favor o tema My favourite things
Keith Jarrett ouçam os Concertos de Colónia
John Mclhaughlin, Paco de Lucia e Al di Meola ouçam Friday Nigth in San Francisco
Vou deixando umas sugestões para algumas noites de solidão ou de boa companhia.
Espero que gostem.

quinta-feira, maio 04, 2006

Quando o cinzento do céu nos invade
E nem um raio de sol consegue um sorriso
Quando tu ficas longe
Sem saber onde ando e que fazer
Então olho para o teu retrato
Penso no meu filho
Saio para a rua a gritar
Até desvanecer toda a melancolia

Ontem quando acordei o sol lá estava
cumprindo a sua missão
A cotovia cantava no olival
O resto era silêncio
O silêncio que todos os dias tenho dentro de mim
Onde andas amor distante ?
Onde fazes carinhos de arrepiar ?

Grito no escuro e não se ouve
Falo com o teu retrato e nem um ai
Só a cotovia me ouviu
Só o vento lá fora assobiou

Amanhã hei-de olhar a rua
e encontrar os raios de sol
que me aqueçam a alma
e este corpo abandonado.

terça-feira, maio 02, 2006

O que faço neste sitio tão ermo ?
Por acaso sabes tu, mulher com quem sonho ?
Ou será apenas em mim que te sinto
Mover?
Que som tão cheio destas chuvas de primavera
Que cheiro tão cheio destas terras molhadas

Olho o horizonte e o azul entre as nuvens faz-me lembrar o teu sorriso
tenho o sabor do teu corpo na minha lingua
e o teu cheiro recorda-me o das estevas do campo

Quando ouvires as andorinhas a alimentarem as crias
Pensa em mim aqui neste ermo

sábado, abril 29, 2006

Olho a rua deserta, neste dia solarengo
O Azul confunde-me, no céu no rio nos teus olhos
sinto o calor invadir-me lentamente o corpo
mas este caminho tão estreito e cheio de escolhos
não me deixa sossegado,nem tão pouco seguro
estas esquinas que dobro,sem ver o fim das ruas
sempre o mesmo passo, sempre o mesmo vazio
sempre as mãos estendidas em busca das tuas
e a raiva do vento a entranhar todos os cheiros

sexta-feira, abril 28, 2006

Como pensas que se passam os fins de semana de solidão ?
A ver o sado com umas ostras à frente
O sol por companhia e um som de rock
E a cor dos teus olhos na memória
O vinho frio que desliza bem

As mãos que se abrem a este céu
O olhar que se espraia por este tempo
os "amigos " que não víamos há anos
os barcos de pesca que descansam

as minhas amigas gaivotas
devem estar a dormir
nem um pio
nem um voo no horizonte

Para onde enviaram as fábricas de conserva ?
Foram-se com os meus amores
campo repleto de ervas
onde passeei os primeiros anos de vida

Lembro-me ainda dos dias quentes de verão
no comboio para Lisboa ao teu encontro
de repente o puto lá vai, flores na mão
ver a Isa sua primeira paixão

where are the good people go
e o teu olhar fugaz sobre o meu
o gesto o esgar o esboço de um sorriso
o teu corpo sensual

a voz de ópera cheia e potente
e este vinho que me vai esvaziando a alma
Lembro Paris nublado
noites adentro a escrever
todos os outros não contam
muito menos eu
chuva nos cabelos
solex pelas avenidas fora
o jazz no vento que sopra

Onde estás amor que procuro ?
Sabes o que é percorrer as ruas de Paris com chuva miudinha ?
Sentir as pequeninas bátegas de água no cabelo e no rosto ?
Nos pés a força de andar para a frente
Nos olhos por vezes a lágrima da saudade
( trinta e dois anos atrás )
A Man in Paris da Joni Mitchell sempre na memória
Onde estarias nesses dias, amor ausente e desconhecido ?
Porque estariam os teus passos a afastar-te de mim ?
E os meus dedos molhados dedilhavam
numa velha guitarra
um tema do Zeca
Nesse dia de Abril cheguei encharcado à rua de Paradis
Corpo e olhos de lágrimas
Nesse dia choveram lágrimas de saudades nas ruas de Paris
( onde estás velha solex, companheira ? )

Quis dar-te o meu abraço e não estavas
Chamei por ti e respondeu-me o Sena

quinta-feira, abril 27, 2006

Pôr de sol num cruzeiro
aqui do meu quarto
só o tejo, só o sol

e esta chuva que não me deixa

e o barulho que faz aquela máquina
e o eléctrico
e os carros
e uma voz murmurante
e o rádio no quarto ao lado
e os passos no corredor
e a mulher nua a meu lado
que me aquece num dia de solidão
por esta tarde que não acaba
por dentro da raiva do vento
Onde páras que o vento não me diz
Onde andas que as águas tranquilas
só me trazem o teu cheiro

Sempre o sado e a arrábida