sexta-feira, maio 26, 2006

neste café superlotado
onde a pedra cheira a fumo
encontro um amigo esquecido
não é pessoa
é solidão

neste café
meio perdido
por entre a multidão

( 1972 )

segunda-feira, maio 22, 2006



Pôr de sol na Vagueira
os espelhos deste café
reflectem imagens bruscas
imagens que se dissipam
para que novas imagens
voltem a surgir

e a minha fica ( infelizmente ? )
esperando o lento movimento
dos ponteiros do relógio

(1972)

quarta-feira, maio 17, 2006

Onde as nuvens nos transportam
se neste céu azul transparece o mar ?

Se no voar das gaivotas a liberdade
de gritar ao vento se vê desenhada na areia ?

No fundo um saxofone toca uma melodia de Gershwin
O aeroporto enche de gente que vai para algum lado
Aqui neste canto, espero a hora de chegares
E o sol resolveu que o azul e as gaivotas são parte do seu brilho

Do teu brilho no olhar ( Sergio, obrigado pela sugestão )
Do teu rir franco

sexta-feira, maio 12, 2006

No silêncio dos cafés
multidões de olhos
luas cheias humanas
olham o nada da rua
ou o vazio dos outros
que sofrem na bruma da noite

os meus
( que egoísta )
olham mais alto
as nuvens da poesia

(1972)

terça-feira, maio 09, 2006

Jazziazuis

Muito bem, sem grande alarido, já repararam que gosto de Paris.
De jazz , pelo tema que toca por aí, e já agora de cinema pelo filme a que está associado.
Gostaria de aqui deixar para que vão procurar e ouçam, algumas das coisas que mais me tocaram.
John Coltrane ouçam por favor o tema My favourite things
Keith Jarrett ouçam os Concertos de Colónia
John Mclhaughlin, Paco de Lucia e Al di Meola ouçam Friday Nigth in San Francisco
Vou deixando umas sugestões para algumas noites de solidão ou de boa companhia.
Espero que gostem.

quinta-feira, maio 04, 2006

Quando o cinzento do céu nos invade
E nem um raio de sol consegue um sorriso
Quando tu ficas longe
Sem saber onde ando e que fazer
Então olho para o teu retrato
Penso no meu filho
Saio para a rua a gritar
Até desvanecer toda a melancolia

Ontem quando acordei o sol lá estava
cumprindo a sua missão
A cotovia cantava no olival
O resto era silêncio
O silêncio que todos os dias tenho dentro de mim
Onde andas amor distante ?
Onde fazes carinhos de arrepiar ?

Grito no escuro e não se ouve
Falo com o teu retrato e nem um ai
Só a cotovia me ouviu
Só o vento lá fora assobiou

Amanhã hei-de olhar a rua
e encontrar os raios de sol
que me aqueçam a alma
e este corpo abandonado.

terça-feira, maio 02, 2006

O que faço neste sitio tão ermo ?
Por acaso sabes tu, mulher com quem sonho ?
Ou será apenas em mim que te sinto
Mover?
Que som tão cheio destas chuvas de primavera
Que cheiro tão cheio destas terras molhadas

Olho o horizonte e o azul entre as nuvens faz-me lembrar o teu sorriso
tenho o sabor do teu corpo na minha lingua
e o teu cheiro recorda-me o das estevas do campo

Quando ouvires as andorinhas a alimentarem as crias
Pensa em mim aqui neste ermo