domingo, dezembro 30, 2012

brinde

Fecha-se mais um ano de dobrar esquinas.
Um ano de raiva contra quem nos quer destruir
Amor clandestino voa por cima das nuvens
afaga-me ao de leve no meu dormir

Destroem-nos a esperança e as vidas
Dos filhos, dos netos de nós próprios
Gritam as gaivotas rasando as ondas
deste mar revolto para onde nos empurram

E tu meu amor brinda comigo
Neste tempo de luta
Brinda e bebe do meu copo partilhado
deixa que a musica nos embale de felicidade

Mas sem que adormeça a nossa ideia
sem que nos adormeça de vez
Beijo-te profundamente no teu ventre
desejando-te ao pé de mim nestes tempos

Acompanha-me neste brinde
mesmo que estejas longe
Vamos ganhando a força precisa
para mudar o leme que nos afoga



segunda-feira, novembro 12, 2012

carinhos

De azul estava pintado o mar
No dia em que te estendi a mão
Ouvimos atentos aquela canção da Bethania
Os corpos aqueciam o ar frio
as mãos iam aprendendo os caminhos, os carinhos

os carinhos soltaram amarras
singraram mar dentro de ti
partilhando o amor que sentíramos
Os carinhos dos nossos caminhos



segunda-feira, agosto 20, 2012

O vento

O vento trás de volta este sentimento
Da procura do impossível
De corrermos ruas em procura
de esquinas que ainda não dobramos

O mar faz-me lembrar os amores vividos
Na beira mar, beira rio a olhar as gaivotas
Ouvindo os seus gritos
Vendo os seus belos voos

Nas nuvens que já se fazem sentir
Nas manhãs mais friorentas deste verão
olho os teus olhos brilhantes
suplicando o meu abraço

quarta-feira, julho 25, 2012

viver a cidade

Saio para sentir que existem outros corpos
percorro as ruas desta cidade
abandonadas e sujas
As esquinas já não desvendam os mistérios de outrora

Vazias de quem nos acompanhou tanto tempo

Depois
Em casa nem um sussurro

Vou vivendo como este País, sem futuro

terça-feira, maio 29, 2012

a silhueta

De repente uma esquina
O vento dobra-a na sua raiva
e surge uma silhueta

De repente a vida parece renascer
Mas a esquina teima em ser dobrada
e surge a raiva

De repente calam-se os melros na noite
e a silhueta esfuma-se no vento
Qual nuvem

De repente pensamos que mesmo assim
Nesta busca de esquinas
Neste soprar do vento
Podemos não saber ler os outros lábios
Podemos não saber ouvir
Podemos não saber perdoar

De repente a silhueta magoa
sopra dentro de nós o frio
de uma razão que julga sua
de uma dureza de quem não erra

terça-feira, maio 15, 2012

choveu

Choveu esta noite na minha rua
Acordei de repente
estavas a meu lado feito sombra
suavas de uma noite de amor
cheiravamos a sexo e desejos
tinhamos os corpos entrelaçados
e o som daquela musica
continuava a sussurar-me aos ouvidos
o amor que nos tinhamos

acordas

Acordas com o dia largo
tens incertezas ao por de sol
vives no medo dos outros
No teu próprio recrias o vento

Falas de medos e amores
que em tempos viveste
Olhas a beleza do que foste
saudade do que tiveste

Ouvir a chuva

Ouço a chuva sussurrar-me
Os eternos melros segredar-me
que existes algures neste tempo
Feita de carne e amor

Olho o verde desta serra
Arrábida minha vizinha
Olho o azul deste mar
deste rio que me banha

Sinto que a solidão me toca
mais nos domingos de tarde
quando a nostalgia de uma musica
me faz olhar o céu azul e tremer

domingo, janeiro 29, 2012

Duvidas (2 )

As esquinas escondem o medo do compromisso (?)
Na curva de cada uma delas há uma cara de mulher
Em cada cara a ideia de perder o que sou ?

A imagem reflectida nas pedras são indefinidas e cinzentas
Apareces tu entre elas e desapareces
Afinal, sempre exististes
no dobrar de cada esquina eras tu e não eras
Os corpos que amei eram um ou muitos ?
Estariam no meu caminho para me amar ?




duvidas

Quando estamos sós
numa noite fria e húmida
de trespassar os ossos de dor

Pensamos na partilha
olhamos as esquinas que se dobraram

Será que conseguimos mesmo ?
Que estamos prontos a dar ?
Que podemos partilhar tudo da nossa vida ?

Quando a solidão aperta
temos a certeza
temos a força do vazio
queremos mesmo ser dois num

Mas depois
na imagem que temos
de uma vida a dois ?

Seremos capazes de o ser ?
de dividir com o outro os espaços ?