De repente uma esquina
O vento dobra-a na sua raiva
e surge uma silhueta
De repente a vida parece renascer
Mas a esquina teima em ser dobrada
e surge a raiva
De repente calam-se os melros na noite
e a silhueta esfuma-se no vento
Qual nuvem
De repente pensamos que mesmo assim
Nesta busca de esquinas
Neste soprar do vento
Podemos não saber ler os outros lábios
Podemos não saber ouvir
Podemos não saber perdoar
De repente a silhueta magoa
sopra dentro de nós o frio
de uma razão que julga sua
de uma dureza de quem não erra
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