sábado, julho 12, 2014

OLhos

As esquinas sucedem se nesta cidade
e as ruas vão todas desaguar
na enorme praça de gente .
surges num repente, olhos penetrantes
voz de menina suave e terna 
vens encher me os dias de perfume
as flores vergam se ao pronunciar o teu nome
a cor do céu enche-se de azul 
onde as andorinhas se recortam em preto
donde vieste que não te procurei 
com esse teu ar tímido e hesitante ?
para que vieste com esses olhos
que me enternecem a noite ?

Há dias


Há dias assim, o sol desponta no horizonte 

os melros cantam no jardim 
vejo-te recortada na luz da janela
acaricio-te os cabelos e estremeces 
falo-te dos anos sem cabelo para acariciar
dos tempos sem melros lá fora 
da ternura do teu olhar 
dos dias que faltam no passado da nossa amizade
falas-me te ti com pudor
mas sempre com esse olhar terno
de quem descobre quem sou
falo-te do que pode ser o futuro
que dizes recear
falo do derrubar de muros
pedes-me ternura e compreensão
tempo, como o inverno não da lugar ao verão
beijo-te os cabelos e seguimos lado a lado
continuando a conversa que temos em atraso desde a infância