terça-feira, maio 29, 2012

a silhueta

De repente uma esquina
O vento dobra-a na sua raiva
e surge uma silhueta

De repente a vida parece renascer
Mas a esquina teima em ser dobrada
e surge a raiva

De repente calam-se os melros na noite
e a silhueta esfuma-se no vento
Qual nuvem

De repente pensamos que mesmo assim
Nesta busca de esquinas
Neste soprar do vento
Podemos não saber ler os outros lábios
Podemos não saber ouvir
Podemos não saber perdoar

De repente a silhueta magoa
sopra dentro de nós o frio
de uma razão que julga sua
de uma dureza de quem não erra

terça-feira, maio 15, 2012

choveu

Choveu esta noite na minha rua
Acordei de repente
estavas a meu lado feito sombra
suavas de uma noite de amor
cheiravamos a sexo e desejos
tinhamos os corpos entrelaçados
e o som daquela musica
continuava a sussurar-me aos ouvidos
o amor que nos tinhamos

acordas

Acordas com o dia largo
tens incertezas ao por de sol
vives no medo dos outros
No teu próprio recrias o vento

Falas de medos e amores
que em tempos viveste
Olhas a beleza do que foste
saudade do que tiveste

Ouvir a chuva

Ouço a chuva sussurrar-me
Os eternos melros segredar-me
que existes algures neste tempo
Feita de carne e amor

Olho o verde desta serra
Arrábida minha vizinha
Olho o azul deste mar
deste rio que me banha

Sinto que a solidão me toca
mais nos domingos de tarde
quando a nostalgia de uma musica
me faz olhar o céu azul e tremer