terça-feira, dezembro 16, 2008

De novo as esquinas

Hoje fui passear o frio pelas ruas do centro desta cidade esventrada
lembrou-me o tempo de ti
quantas vezes percorri aquelas ruas acima e abaixo
quantas vezes
central até á tua casa
da tua casa ao central
com frio, chuva ou sol quente
para te sentir o abraço
para te sentir o beijo

Lembras-te?
Do teatro que fazíamos por gosto que percorria o distrito
Das idas ao cinema de discussões acesas
da musica que juntos absorviamos
que delicia maria bethania
Dos passeios no carro do Coelho
Dos beijos furtados pelas ruas ainda seguras desta cidade ainda possivel
Das manhãs de fugida numa cama coberta de amor

sexta-feira, novembro 28, 2008

Porque não ?

Sentimos a chuva a percorrer o nosso cabelo
o cheiro da terra penetra fundo na memória
da nossa infância
O tempo em que percorríamos as ruas de Paris
pensando nos que tinham ficado
nesta terra que odiamos e amamos
O Sena corria lá em baixo e fruto das chuvas barroso
castanho escuro e turbulento
turbulentas as memórias
de quem num dia de chuva intensa chorou de alegria
pelo regresso , pelo reencontro
Hoje não há regresso nem reencontro
mas todos os dias reencontramos nas ruas que percorremos
a memória de alguém que conhecemos
bebo a quem já não encontro por aí
bebo a quem encontro e no entanto desencontramos nas ruas da vida
bebo a quem ainda está nesta vida de cabeça erguida
olhos serenos
e percorre as ruas deixando lentamente que a chuva lhe percorra os cabelos

domingo, novembro 09, 2008

o paraiso ?

Abriste-me o horizonte deixando-me ver o teu paraíso ,
deixaste-me ver as mil e uma faces
que todas as vezes que as olhas te dizem algo de novo
disseste-me que podia usufruir o espaço
sem que tal fosse considerado no nosso livro de promiscuidades
Deste-me um abraço de amizade
perguntas-me se tenho um espaço para ti
não o teria já ?
Nem que digam obscenidades e violem os meus sentidos
eu serei e estarei sempre aqui

terça-feira, novembro 04, 2008

Os dias

Os dias passam depressa sob o que costumamos chamar de vida
Que é que houve naquele dia distante que num repente
Conseguiu fazer com que esta dor se instalasse
que ventos foram estes que num repente, qual furacão
conseguiram acabar com o sossego das praias
da musica do próprio Coltrane
Sentimos um arrepio e apercebemos que afinal
o inverno entrou na nossa vida
e queremos correr desesperadamente para a primavera
ver desabrochar as flores
os amores
e para um verão de calor cheio de vidas á nossa volta
Os dias passam depressa e mal os preenchemos
Os amores passam depressa e mal os saboreamos
os amores e os dias confundem-se numa amalgama de luz e calor
de frio e escuro
de vento,
que desesperado teima em levar a sua raiva a soprar aos nossos ouvidos

quinta-feira, outubro 30, 2008

Um jogo

Porque é que quando pensamos que estamos bem, vem uma ventania terrível e nos coloca no ponto de partida ?
A sua raiva leva-nos o que escrevemos na areia das praias
os nomes, as formas, os princípios
Olhamos o que pensámos ser um caminho que escolhemos e verificamos que afinal o caminho está cheio de falhas e curvas
A vida fica como um jogo onde saimos de uma casa e temos que chegar á casa final o mais ilesos possivel
E se temos alguma consciencia sem magoar os outros jogadores que vão caindo nas nossas casas
Mas é muito dificil que nestes encontrões e nestes vendavais não hajam encontrões e feridas que a pouco e pouco vão sendo lambidas e curadas ( semi )
O que vale é que ainda há portos de refugio onde podemos beber um copo e ouvir uma musica de que gostamos, um sitio para beber um chá, ler um livro e ver o mar
O que vale é que ainda há pessoas honestas para compensar a desonestidade.

domingo, outubro 19, 2008

Vivemos

Vivemos uma vida a pensar no amor
afinal a dor é imensa e resta a nostalgia dos momentos
Vivemos uma vida a dobrar esquinas
que esquinas não há que dobrar e nunca se chega ao fim
vivemos convencidos que sabemos
o que afinal nem sequer pensamos saber
vivemos em função de impulsos
uns e outros motivados pelo desejo
de uma felicidade que não alcançamos
vivemos no dobrar rápido dos dias
sob o engano das noites de lua cheia
vivemos sem o carinho dos peixes
que se movem neste vasto oceano
nem as caricias deste calmo e sereno rio