terça-feira, novembro 04, 2008

Os dias

Os dias passam depressa sob o que costumamos chamar de vida
Que é que houve naquele dia distante que num repente
Conseguiu fazer com que esta dor se instalasse
que ventos foram estes que num repente, qual furacão
conseguiram acabar com o sossego das praias
da musica do próprio Coltrane
Sentimos um arrepio e apercebemos que afinal
o inverno entrou na nossa vida
e queremos correr desesperadamente para a primavera
ver desabrochar as flores
os amores
e para um verão de calor cheio de vidas á nossa volta
Os dias passam depressa e mal os preenchemos
Os amores passam depressa e mal os saboreamos
os amores e os dias confundem-se numa amalgama de luz e calor
de frio e escuro
de vento,
que desesperado teima em levar a sua raiva a soprar aos nossos ouvidos

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Fernando, não vou comentar com poemas, prosas, rimas, enfim toda a versatilidade que a poesia tem.Simplesmente o meu pensamento:magoado, ferido, pensativo, carente...talvez.
Mas, apesar de toda a raiva do vento, o sol vai surgir mesmo que por poucos minutos e aí, espreita pois eu vou lá estar entre os seus raios, para te enviar um beijo doce e carinhoso.

Anónimo disse...

Fernando...Conhece aquela praia, essa mesmo; a praia da nossa imaginação:)
Não me apetece viajar...Cá para mim sou contra viagens a baixo preço para as nossas ilhas, Tailândias deste e do outro mundo. Para se chegar ao paraíso, reza nas crónicas e nos anais, tem de se pagar. No money, no honey, ouvi dizer. Será verdade? Deve ser. Afinal, todos sabemos que se não pagamos com a carteira, pagamos com o corpo e com a alma cada momento excelso de vida a mais. E isso não é forçosamente mau. É o preço da vida a mais...
O que é a vida a mais? É o exagero, é o excessivo, o proibido e mesmo o inconfessável. É partir sem esperança nem desejo de voltar. É ser com o objectivo oculto de estar. É lembrar com saudades o que ainda está para vir. É isto a vida a mais...
A imperdoável, a intangível, a vida a mais...É perder a esperança de outro modo que não seja o equilíbrio no fio da falésia, o lugar de onde se contemplam os mundos que surgem no bramido do mar nocturno. É isso a vida a mais. É respirar sem medo de deixar de respirar. É quando o coração bate por teimosia e assim se ganha uma mais-valia de realmente ser um ser que existe e sem vergonha.
Confesso...Quero tudo!
O que me rodeia e o distante, este e aquele amante...
Como por exemplo, o sol que me ofusca e a lua que me atordoa, por me permitir um infinito bordado a estrelas na fímbria de um lençol por tecer...
A vida a mais...O espanto...
O excesso de tudo, dos desafios do nada e do vazio, tudo o que desfila perante os meus olhos e tudo o que anuncia alguma claridade.
Confesso...Quero tudo. A vida a mais...
O demasiado vento que nos impede a respiração e aproxima do ataque cardíaco. E o dinheiro a rodos até ganhar a verdadeira importância da sua inutilidade. É isto a vida a mais? Tudo o que for excesso é que vale. O encolhido que recolha, que nada diga, que de facto se encolha...
A enormidade de não ser tudo justifica...
E, afinal, descobrir que vida a mais é, sobretudo, a maior e mais bela figura de estilo.
E, como dizia o selvagem...Só no estilo se encontra o génio.
Uma vida não chega, confesso...
Fernando, você é tão grande, tão verdadeiramente importante, que nem os meus oito braços o poderiam mesmo abraçar. Para tanto, precisava mesmo de uma vida a mais...!