Sentimos a chuva a percorrer o nosso cabelo
o cheiro da terra penetra fundo na memória
da nossa infância
O tempo em que percorríamos as ruas de Paris
pensando nos que tinham ficado
nesta terra que odiamos e amamos
O Sena corria lá em baixo e fruto das chuvas barroso
castanho escuro e turbulento
turbulentas as memórias
de quem num dia de chuva intensa chorou de alegria
pelo regresso , pelo reencontro
Hoje não há regresso nem reencontro
mas todos os dias reencontramos nas ruas que percorremos
a memória de alguém que conhecemos
bebo a quem já não encontro por aí
bebo a quem encontro e no entanto desencontramos nas ruas da vida
bebo a quem ainda está nesta vida de cabeça erguida
olhos serenos
e percorre as ruas deixando lentamente que a chuva lhe percorra os cabelos
1 comentário:
Prisioneiros
Revivi na memória da infância,
Peixes de prata
aprisionados em redes amaranhadas.
Encheram-me de sensações os cheiros do húmus da terra,da brisa do mar e das flores em botão.
Agora aos meus sentidos chegam pesticidas e os ecos de um tempo perdido...
Resta-me a esperança de cortar correntes e viver de novo a vida!
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