sexta-feira, novembro 28, 2008

Porque não ?

Sentimos a chuva a percorrer o nosso cabelo
o cheiro da terra penetra fundo na memória
da nossa infância
O tempo em que percorríamos as ruas de Paris
pensando nos que tinham ficado
nesta terra que odiamos e amamos
O Sena corria lá em baixo e fruto das chuvas barroso
castanho escuro e turbulento
turbulentas as memórias
de quem num dia de chuva intensa chorou de alegria
pelo regresso , pelo reencontro
Hoje não há regresso nem reencontro
mas todos os dias reencontramos nas ruas que percorremos
a memória de alguém que conhecemos
bebo a quem já não encontro por aí
bebo a quem encontro e no entanto desencontramos nas ruas da vida
bebo a quem ainda está nesta vida de cabeça erguida
olhos serenos
e percorre as ruas deixando lentamente que a chuva lhe percorra os cabelos

domingo, novembro 09, 2008

o paraiso ?

Abriste-me o horizonte deixando-me ver o teu paraíso ,
deixaste-me ver as mil e uma faces
que todas as vezes que as olhas te dizem algo de novo
disseste-me que podia usufruir o espaço
sem que tal fosse considerado no nosso livro de promiscuidades
Deste-me um abraço de amizade
perguntas-me se tenho um espaço para ti
não o teria já ?
Nem que digam obscenidades e violem os meus sentidos
eu serei e estarei sempre aqui

terça-feira, novembro 04, 2008

Os dias

Os dias passam depressa sob o que costumamos chamar de vida
Que é que houve naquele dia distante que num repente
Conseguiu fazer com que esta dor se instalasse
que ventos foram estes que num repente, qual furacão
conseguiram acabar com o sossego das praias
da musica do próprio Coltrane
Sentimos um arrepio e apercebemos que afinal
o inverno entrou na nossa vida
e queremos correr desesperadamente para a primavera
ver desabrochar as flores
os amores
e para um verão de calor cheio de vidas á nossa volta
Os dias passam depressa e mal os preenchemos
Os amores passam depressa e mal os saboreamos
os amores e os dias confundem-se numa amalgama de luz e calor
de frio e escuro
de vento,
que desesperado teima em levar a sua raiva a soprar aos nossos ouvidos