quinta-feira, dezembro 22, 2011

O tempo

Sentes como o tempo passa ? Como quem vai num avião e vê passar as nuvens em alta velocidade, e de repente ainda mal saíste já estás no teu destino ?
Sentes os beijos que ficam por dar, os abraços, os imensos e ternos abraços ?
Quando olhas para a frente vês que o filho que nasceu ontem já é um homem
Sentes o peso do tempo, no peso que tens nos ombros
E de repente vês o mundo desmoronar-se em pedaços do que julgas ser um futuro incerto
De repente sentes a humilhação de teres estudado e vivido para alguém sem o teu consentimento e impunemente te roubar
Sentes que os cravos que trazias nas mãos perderam o perfume e a cor
Sobretudo a cor
essa cor de sangue, do sangue que foi derramado para que surgisse a alvorada
Mas não hesites em gritar ao vento a tua raiva
Vamos concerteza passar mais esta armadilha do tempo
Já não temos o Zeca , mas teremos outros que saibam cantar os novos vampiros
Os poetas saberão dar voz á revolta
Acredita que ainda é possível que a verdade e a honestidade vençam

Nesta noite imensa de frio dá-me a mão
caminha comigo ao longo desta praia deserta
Vamos chamar as gaivotas sedentas de peixe.

Beija-me forte e com ternura
mas sem que me feches a boca aos gritos
nem as mãos para que bradam enérgicas.

1 comentário:

marí disse...

Sim, o tempo passa ligeiro, parecendo-nos indiferente até, mas não o é, ele – o tempo – passa e deixa em teu rastro as marcas dos poetas que passaram e que outros poetas e outros e mais outros – assim como tu – seguirão com flores vermelhas nas mãos e o coração verde de esperança de ver nascer – na linha do horizonte onde gaivotas pousam – uma nova era, num novo tempo, onde a verdade a fraternidade e, sobretudo, o amor serão os pilares que sustentarão os povos.
E, neste novo tempo: beijos calarão os gritos de revolta – pois eles não se farão mais necessários – e mãos acenarão um adeus ao velho tempo...
O TEMPO... belos escritos. Parabéns poeta!
Beijos ternos.
marí